Dust in the Wind
Andrew.
O homem de jeito brincalhão e olhar que parecia a analisar até a alma, povoava a sua cabeça sem previsão para um tempo. Ela só queria entender o que o levou a sumir sem deixar pistas, sem sequer um adeus. Resolveu levantar e ir à cozinha. Tão logo o fez, sentiu a perna dormente e apoiou-se na mesinha de cabeceira, derrubando alguns acessórios e ouvindo o baque abafado do despertador no carpete amadeirado. Praguejou e respirou fundo, tentando se estabilizar. Decidira mudar de destino, caminhando até o banheiro e lavando o rosto. Mirou-se no espelho, analisando seu rosto diante da luz artificial do ambiente.
Seu rosto pálido e cansado exibia com uma expressão quase que maníaca. Seus olhos castanhos perderam o brilho, além de estarem envoltos por grandes bolsas arroxeadas que lhe mostravam o quanto ela vinha perdendo as noites. Seus cabelos curtos estavam desgrenhados e deixavam-na com um aspecto muito desleixado. A impressão era que tinha envelhecido décadas. Não se parecia nada com a moça de 25 anos, que há alguns meses exalava energia e alegria. Naquela época, pensou, era feliz. “Ainda mais ao lado dele...”.
Balançou a cabeça, tentando tirar a imagem dolorosa da mente e abriu o armário do espelho, pegando um comprimido de aspirina. Seguiu para a cozinha, ligando as luzes do corredor e da mesma, sentindo arrependimento tão logo o fez. A claridade machucava seus olhos.
— Maldita luz! — resmungou e pegou um copo, enchendo-o de água. Engoliu o remédio de uma vez, respirando fundo. Andou até a varanda, abrindo a porta e acomodando-se lá. A noite estava fria, mas, ainda assim, barulhenta. Ao longe se ouvia os sons das sirenes, buzinas, música. E as luzes? Parecia uma festa de cores e imagens que se mostravam através de projetores