Dualismo de platão
Como podemos ver, o mundo inteligível e o mundo sensível diferem radicalmente mas a oposição não significa ausência de relação entre eles. Com efeito, segundo Platão, todos os objetos sensíveis têm um modelo inteligível. Sendo cópias ou realidades imperfeitas, vêm negada a sua autonomia ontológica. Não existem por si mas porque são cópias que participam da realidade do seu modelo inteligível. O mundo sensível é uma imagem imperfeita, ou seja, mutável, instável, do mundo inteligível, imutável, sempre idêntico a si mesmo, eterno, imperecível. As realidades sensíveis não têm em si mesmas a sua própria essência: o que são devem-no ao facto de existirem as Ideias e de delas participarem. O mundo sensível só tem algum sentido porque depende do mundo inteligível. E como há diversas Ideias, Platão afirma que a Ideia suprema é a Ideia de Bem (alguns comentadores cristãos identificaram - na com Deus). É ela a razão de ser de todas as outras Ideias e do que de inteligível descortinamos no mundo sensível.
O mundo sensível é uma imagem de outro mundo superior e perfeito. Mas quem formou o mundo sensível como imagem do mundo inteligível? Quem o tomou participante do mundo inteligível? Platão introduz neste ponto um personagem de certo modo misterioso a que dá o nome de Demiurgo. Este transforma o que estava destituído de qualquer inteligibilidade em "cosmo" ou mundo organizado pela inteligência divina.
O Demiurgo tem como modelo na sua construção do mundo sensível o mundo das Ideias ou modelos exemplares. Procura dar à matéria a forma e a ordem próprias do mundo inteligível, que conhece perfeitamente. Não é um criador (não faz com que surja algo sem que antes nada haja) mas sim um arquiteto cujo material de construção são as coisas que chamamos sensíveis. Ordena o universo, dá-lhe uma determinada figura a partir de uma matéria preexistente, não criada por ele.
As bases bíblicas da ética