Drummond
Carlos Drummond de Andrade, mineiro da segunda geração do modernismo, é tido, quase com unanimidade, como o maior poeta brasileiro. Com uma linguagem seca, direta e precisa atingiu o mais puro lirismo ao começar sua magistral vida poética com o livro Alguma poesia (1930), em que predominam versos livres, coloquiais, representantes do cotidiano e o poema-piada: “A bunda, que engraçada./ Está sempre sorrindo, nunca é trágica” (A bunda, que engraçada. Carlos Drummond de Andrade). Nesse começo de carreira, Drummond vê seu Eu superior ao Mundo, tendo este, problemas irrelevantes comparados aos seus. Sua condição gauche é o marco do livro, que tem o Poema de sete faces como o mais notável: “Quando nasci, um anjo torto/ desses que vivem na sombra/ disse: vai, Carlos! ser gauche na vida”. Outra característica importante do livro são as frequentes citações às reminiscências infantis como no poema Infância: “Meu pai montava a cavalo, ia para o campo/ Minha mãe ficava sentada cosendo”.
Sentimento do mundo (1940) veio para mudar seus estilos precedentes, continuando com a liberdade formal, deu um parecer diferente de sua concepção na questão do Eu em relação ao Mundo. Ainda individualista Drummond começa a ver as dificuldades do mundo enormes comparadas às suas. Peculiaridade notada no poema Mundo Grande: “Não, meu coração não é maior que o mundo./ É muito menor./ Nele nem cabem minhas dores.” São retomadas lembranças de sua infância em Itabira: “Alguns anos vivi em Itabira./ Principalmente nasci em Itabira./ Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.” (Confidência de um itabirano, Carlos Drummond de Andrade). Também é representado o momento de tensão que o mundo passava em meio à Segunda Guerra Mundial. “Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,/ não cantaremos o ódio porque esse não existe,/ existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,/ (...) o medo dos soldados (...) o medo dos ditadores, o medo dos