Drogas licitas e ilicitas
Drogas é um daqueles assuntos sobre os quais todos têm uma opinião, e muitas vezes esta opinião está apoiada apenas em preconceitos e informações duvidosas. Portanto, falar sobre um tema como este exige, antes de mais nada, explicitar muito bem sobre o que estamos falando: drogas são substâncias utilizadas para produzir alterações, mudanças — nas sensações, no grau de consciência e no estado emocional.
Vistas desta forma ampla, muitas das substâncias que utilizamos diariamente podem ser rigorosamente entendidas como drogas. O café, para usar um exemplo simples, tendo a cafeína como princípio ativo, estimula a atividade física e mental. Usamos o café em nosso dia-a-dia, muitas vezes de forma exagerada, sem nos darmos conta de que se trata de uma droga relativamente potente.
O exemplo acima serve para ilustrar como é difícil o entendimento correto do que sejam drogas e alertar para as armadilhas de um preconceito, que reduz o entendimento a certo grupo de drogas, chamadas de drogas ilícitas (ilegais). O debate sobre drogas, principalmente entre o público jovem, necessariamente tem que partir de uma postura despida de preconceitos.
As drogas são conhecidas e utilizadas pelo homem desde tempos imemoriais, seja na forma de substâncias utilizadas em cultos religiosos, seja como instrumento de prazer. Não se conhece nenhuma sociedade na qual não exista a utilização de drogas de uma forma ou de outra. A utilização destas drogas vai variar de época para época e de cultura para cultura. O álcool, tão largamente usado entre nós, é banido como substância perniciosa na cultura muçulmana, onde seu uso é violentamente reprimido.
As dificuldades na discussão sobre o uso de drogas, sejam lícitas ou ilícitas, estão em buscarmos a compreensão de onde está o limite que torna uma droga utilizada como fonte de prazer em um problema para seu usuário, sua família e a comunidade. Este limite reside na relação que o usuário estabelece com a