Drenagem urbana
A posição geográfica de Porto Alegre é uma aliada às enchentes e alagamentos. A cidade ocupa 471.160 hectares, cuja topografia é extremamente complexa. Ela é formada por morros e áreas planas e baixas, com 27 arroios e seus braços, cercada pelo Rio Gravataí, Lago Guaíba e, ao sul, pela Lagoa dos Patos. As regiões baixas possuem aproximadamente 35% de sua área urbanizada abaixo da cota 3 (três metros acima do nível do mar), ou seja, praticamente no mesmo nível médio das águas dos rios. Boas partes destas áreas estão na Zona Norte da cidade.
O crescimento urbano e a conseqüente impermeabilização do solo é outro problema freqüente nas grandes metrópoles. A partir da década de 70, a capital teve um aumento de 46% na ocupação urbana, gerando grandes áreas impermeáveis, e de obstrução das redes coletoras por lixo mal acondicionado. O desenvolvimento desordenado da cidade causou o desmatamento intensivo e os inevitáveis problemas de drenagem. A vegetação que cobria a maior parte dos morros e margens de arroios em Porto Alegre foi sendo eliminada. Dessa forma o solo está mais exposto ao efeito das chuvas, que carregam a terra rapidamente para as partes mais baixas da cidade, causando assoreamento das redes pluviais.
A bacia hidrográfica do Guaíba é o escoadouro das águas de uma região que abrange 30% de toda área geográfica do Estado. Num estreito de apenas 900 metros, entre a Usina do Gasômetro e a Ilha da Pintada, ali se encontram os rios Jacuí, Gravataí, Sinos e Caí. Por coincidência, o ponto de maior represamento das águas coincide com a maior densificação urbana, o próprio centro da capital. O conjunto destes fatores ajuda a explicar as grandes cheias que fazem parte da história do Lago Guaíba e de Porto Alegre.
Em 1823, uma enchente destruiu grande parte das plantações da cidade. Dez anos mais tarde, relatos históricos da época descrevem uma inundação de grandes proporções em setembro, tendo as águas