O que esperar da Selic e do câmbio nominal nos próximos meses? Uma visão pelo modelo VAR com restrição Luciano D’Agostini* José Luís Oreiro** Segundo a Ata da última reunião do Copom, divulgada em 16 de março, interpretamos que as projeções da taxa de câmbio nominal e da taxa Selic, esperadas para os próximos meses, permanecem com as mesmas trajetórias observadas há meses: apreciação do real e quedas graduais para a taxa Selic (atualmente em 16,5% a.a.). Diante deste cenário traçado pelo Banco Central do Brasil (BCB), faremos pelo método de Vetores-Auto Regressivos (VAR) as previsões das taxas de câmbio nominal e Selic para os próximos meses. Antes, cabe aqui mostrar a trajetória de algumas variáveis que acreditamos serem relevantes, tanto da economia norte-americana, quanto da economia brasileira, que podem explicar o comportamento da apreciação do real em relação ao dólar13. Pelo lado da economia americana, destacam-se: (i) a queda de 20,5% das reservas internacionais desde dezembro de 2004 (de US$ 90,1 bilhões para US$ 71,6 bilhões em fevereiro de 2006); (ii) desde julho de 2004 são observados sucessivos aumentos das taxas de juros dos títulos do tesouro norte-americano (2,25% a.a. em julho de 2004 para 4,75% a.a. em março de 2006); (iii) inflação mais alta e; (iv) crescentes déficits orçamentários. Pelo lado da economia brasileira, destacam-se: (i) a política de recomposição das reservas internacionais, que saltou de US$ 35,8 bilhões em 2002 para US$ 59,8 bilhões no final de março de 2006 (um aumento de 67%), mesmo após a liquidação antecipada de US$ 15,5 bilhões referente à dívida junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), recompra de títulos de dívida soberana e o anúncio do exercício da opção de compra dos títulos bradies; (ii) isenção para a aplicação de estrangeiros em títulos públicos federais no mercado doméstico, inclusive sem pagamento de CPMF, que contribuiu para a entrada de dólares no país; (iii) sucessivos superávits comerciais; (iv) geração de