Dra. Sandra João
Horácio tinha a preocupação de, por um lado não deixar desaparecer a tradição grega e, por outro controlar o fenómeno literário. É eleito como sendo um herdeiro da tradição grega, fala como poeta e dá conselhos a quem tem a pretensão de escrever, afastando-se de Aristóteles que, na Poética, fala unicamente da prática dos poetas. Encara a poesia como uma história sagrada, como sendo uma manifestação superior que deve ser respeitada.
Horácio pega nos princípios da tradição grega, e repensa nos conceitos de mimésis, verosimilhança e unidade. A partir do conceito do género, faz uma codificação rígida do literário.
Enquanto para Aristóteles a poesia implica um determinado uso da linguagem, onde há mimésis e, existe uma representação da realidade que produz um efeito emotivo, para Horácio a poesia é imitação, e imitação não corresponde exactamente ao conceito de mimésis. É sempre feita uma adaptação de temas utilizados pelos antepassados. Assim o poeta renova os conceitos ainda que siga uma linha de continuidade. Para esta renovação o poeta tem de ser necessariamente um homem culto e conhecedor da cultura actual e passada. Este tem também de ter a capacidade de convencer e emocionar o publico, ainda que não o arrebata.
Como modelo terá, os autores do passado e o orador para que possa ter um bom conhecimento da funcionalidade da língua. A poesia será elevadora de tudo e as suas finalidades passam por ensinar e agradar.
Na imitação (imitatio), a representação da natureza e das acções humanas, é feita como os seus antepassados. A própria representação não tem relação apenas com o exterior, mas uma relação intra-literária, passa pelo cânone. A sua base vai ser o decorum. O Decorum implica que haja uma adequação ao contexto, personagens, audiências, convivência de regras sociais internas e externas.
Para Horácio, cada texto pertence a um determinado género, e cada género vai pertencer a um tema, um tipo de personagens, um tipo de linguagem e um