atuais para a compreensão da dinâmica das políticas públicas. E nessaconjunção entre a reflexão teórica e a inserção na máquina pública federalcomeçou a ganhar contorno mais concreto o funcionamento das estruturas –gramáticas – elencadas na obra de Edson Nunes: a permanência doclientelismo e do corporativismo, ao lado dos processos de insulamentoburocrático. Ao longo do livro o autor apresenta uma análise históricacuidadosa, valendo-se de dados estatísticos, econômicos e políticos quepermitem construir uma interpretação sobre as formas de manutenção econtrole do poder de Estado no Brasil, com seus avanços e contradições.Recorrendo à análise de Pierre Bourdieu, podemos dizer que se trata daconstrução de um cenário que permite compreender as estruturas estruturantesdo campo político brasileiro, com seus atores legitimados, o habitus dosmesmos, e as regras de funcionamento do campo. Assim, qualquer tentativa detransgredir as regras estabelecidas pelas “gramáticas políticas” resulta emfracasso e em instabilidade, o que é confirmado pelos “casos de sucesso”estudados pelo autor em relação aos governos Vargas e JK, que se mostraramhábeis operadores dessas gramáticas.Com o processo de redemocratização do País, a retomada das eleições gerais,a Constituição de 88, o surgimento de novos partidos políticos, as discussõessobre a redefinição do papel do Estado e da profissionalização e qualificaçãodo serviço público, poderíamos estar diante de elementos indicadores de umatransformação mais profunda nessa “gramática política”, porém, ao analisar-seo atual cenário político brasileiro, parece que reencontramos uma nova formade adaptação e sobrevivência daquelas gramáticas: o fisiologismo partidáriocontinua predominando, e é habilmente manipulado pelo governo da hora –seja qual for – para além de aspectos ideológicos; o pragmatismo de resultadosvisando a centralização do poder de Estado se vale da cooptação de gruposprofissionais de acordo com a lógica corporativa de eleger