Dora

ela¿ ela era apenas uma garota normal, judiada pelo tempo e pelas pessoas. Seu maior sonho era sair daquela cidade imunda cheia de pessoas pérfidas e supérfluas. Acordar todos os dias era uma luta, não queria enfrentar a realidade de que estava presa àquela cidade, não queria acreditar que os seres humanos eram daquela forma. E assim começa a história de Dora George.
Fevereiro
Primeiro dia de aula. Último ano da escola.
“ apenas mais um ano. Só mais 200 dias de aulas para eu poder dessa cidade. Só mais esse ano” pensou Dora, enquanto escovava os dentes. Lembrou de todos os momentos que teve em seu colégio, a maioria ruim. Ela era alvo de chacota dos colegas. Talvez fosse o uniforme largo que usava, ou as notas altas que tirava, quem sabe até as tatuagens e machucados que eles não viam. Ela era diferente; ela sabia e eles sabiam. Nunca se encaixou, e para dizer a verdade nunca fez questão de se encaixar no meio de pessoas frívola e com valores sócias distorcidos. Dora não podia mudar de escola se quisesse ter um futuro brilhante, Colégio Solstício era o melhor da região em que morava.
“um, dois, três, quatro...” contava em sua cabeça os degraus que subia para abafar os risos maliciosos que iam em sua direção. Sabia que aquelas risadas eram por sua causa. Abaixou a cabeça e puxou a mochila para junto de si, como se aquilo lhe desse algum conforto ou proteção contra eles. Andava com passos incertos, suas pernas vacilavam de medo e cada metro andado parecia quilômetros, Dora sabia que seria um longo ano.
Andou até o quadro onde estava exposta as classes desse ano e depois foi até a sua sala e sentou-se na última carteira do canto. Preferia se esconder, dessa forma ela passava despercebida. Ou quase. Pegou um livro da mochila- O Morro dos Ventos Uivantes. Adorava ler, era como se a realidade derretesse e só existisse ela e o livro. Não discriminava qualquer tipo de livros, lia todos independentemente do tema.
“A esquisita já chegou!! E vive nas sombras com um livro!