Dona xepa
Xepa (Faz que não com a cabeça e diz:) — Vila Isabel. (Com resignação). Mandar chamar a Guiomar na casa 6. (Vai berrando “Guiomar” e cada vez que grita, o berro vai gradativamente, se transformando em choro). — Guiomaaaar! (Fala baixinho) — Minha pobre filha! Não pode trazer o namorado... (Berra) Guiomaaar! (Baixinho) — Tem vergonha de mim... A mãe que ela arranjou... (Grita) — Guiomaaaaaar! (Baixinho) — Minha pobre filha... A mãe que ela arranjou... Xepa... Xepa... (Socando a mesa desesperada) — XEPA!... XEPA!...
Guiomar (Grita de longe) — Quem é, Dona Xepa?
Xepa — Telefone! (E se deixa cair na cadeira e a cabeça na mesa, chorando em convulsão).
Fim do primeiro ato.
II ATO
MESMO CENÁRIO notando-se, porém, mais cuidado na arrumação. O aparelho de Édison está ausente, substituído por uma poltrona.
São nove horas da noite. Estão em cena Édison e Rosália. Ele de “Smoking”. Ela de vestido de baile.
Rosália (Irritada, como continuando uma discussão) — Eu sabia! Já conheço a sua reação. Há coisas que não adianta discutir com você. Édison — Então não discuta.
Rosália — Mas é preciso que, ao menos um tenha a cabeça no lugar.
Édison — Rosália será possível que você não compreenda que eu não posso fazer isso com mamãe?!
Rosália — Pois é para o próprio bem dela.
Édison — Bem?! Você já calculou direito o que ela vai sofrer?
Rosália — Mania de dramatizar as coisas! Não vai sofrer nada! Sofrer!
Édison — Pois eu não tenho vergonha de minha mãe.
Rosália — E eu tenho?
Édison — Não sei.
Rosália — Você bota essa mascara de bonzinho, mas percebe tudo tão bem quanto eu. Então você não vê que aquela gente pode financiar o seu invento!? Você vai ser homenageado, Édison! Você acha que mamãe saberia se portar naquele meio? Mas com franqueza!
Édison — Ela foi convidada, não foi?
Rosália — E as “gafes” de mamãe! E a maneira de falar! “Perda-se tudo, mas...” Dê-se ao respeito!
Édison — Mas com que cara você quer que eu obrigue