Dois momentos da educação pública carioca
A visão crítica que Paulo Freire tanto ressalta em suas obras, especialmente do caso do livro analisado, é o ponto de partida para uma problematização de dois momentos vividos por mim nas escolas municipais cariocas e como essas experiências podem dialogar positiva e negativamente na obra freiriana. Mesmo sendo difícil o afastamento emocional dos relatos vividos, o presente almeja não a visão de um ”observador acinzentadamente imparcial” (pág. 15), mas manter uma “posição rigorosamente ética”(pág. 15) sobre o passado e o presente da educação pública carioca. Os dois momentos da educação pública carioca a serem analisados são, o primeiro, no fim da década de 90 e início dos anos 2000, e, o segundo, no início da década de 2010 até o atual. No primeiro momento é a experiência de educando e a segunda como educador. E buscando esse diálogo entre os diferentes momentos com o livro do Paulo Freire é que se nota que em uma distância pequena “muita coisa mudou e pouca coisa mudou”.
• Uma escola municipal no fim da década de 90
Primordialmente a experiência discente (a qual aconteceu numa escola municipal no bairro de Olaria, subúrbio carioca, no fim da década de 90) foi um tanto confusa, pois a escola se apresentava com pouca estrutura, mas com uma fama de “boa” por parte dos pais e professores da região. A característica principal desse momento é a contradição, não só sociais que faziam parte da escola, mas também as contradições didáticas entre os professores. No mesmo universo podia se encontrar um professor de história engajado com vontade de suscitar a visão crítica na turma, mas também havia uma professora de geografia, que me acompanhou da quinta à oitava série, que apenas cobrava desenhos feitos a próprio punho dos mais diversos tipos de mapas existentes e os critérios de avaliação era a beleza do desenho. Este