Dogmas
A Guerra dos Mundos é, originalmente, uma ficção científica do escritor inglês H. G. Wells, lançada em 1898. Conta a história da invasão da Terra por marcianos inteligentes que possuem um mortal raio carbonizador. Ilustração de Henrique Alvim para a edição belga de 1906
Uma das versões mais conhecidas dessa obra é a transmissão radiofônica de Orson Welles, de 1938, que deixou em pânico milhares de pessoas nos EUA. Era véspera de Halloween, 30 de outubro, e os prenúncios da eclosão da 2 ª Guerra Mundial, fundados no pacto de Munique, firmado um mês antes, criavam um cenário de tensão nada desprezível. Afinal, Inglaterra e França entregavam a Tchecoslováquia a Hitler e vários analistas do período alertavam que esse acordo não estancaria o expansionismo nazista. As notícias sobre a situação européia interrompiam a programação das rádios continuamente, e a incerteza sobre a postura norte-americana deixava apreensivos os ouvintes. Nesse contexto é que o grupo de teatro Mercury, liderado por Orson Welles, então com 23 anos, entrou no ar e levou ao pânico os ouvintes e entrou para a história.
O inspirador romance de H. G. Wells rendeu uma série de TV (1988) e adaptações cinematográficas. A de 1953, dirigida por Byron Haskin, levou o Oscar de efeitos especiais em 1954. A versão mais recente, de S. Spielberg, ficou só nas indicações. Em cada uma dessas versões, pesaram os contextos de realização: Como destacou o físico Marcelo Gleiser: “A de 1953 ecoa a era atômica e a Guerra Fria. Não existe qualquer motivo senão a aniquilação dos humanos. Na de 2005, o foco é a desintegração da família e o medo da ameaça terrorista”.
Um estudo comparativo entre as diversas versões e seus contextos de realização e produção permite pensar em interessantes questões relativas aos modos como são imaginados os habitantes de outros planetas, seu parentesco com as figurações dos ciborgues, utopias e distopias relativas à tecnologia, entre outras