Dogma ritual da alta magia
Eliphas Levi Zahed
Título original: Dogme et Rituel de la Haute Magie
Publicação original em 1855.
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DISCURSO PRELIMINAR
DAS TENDÊNCIAS RELIGIOSAS, FILOSÓFICAS E MORAIS (DOS NOSSOS LIVROS SOBRE A MAGIA) Desde que a primeira edição deste livro foi publicada, Agendes acontecimentos se realizaram no mundo, e outros — talvez maiores — estão para se realizar. Estes acontecimentos nos tinham sido anunciados, como de ordinário, por prodígios: as mesas haviam falado, vozes haviam saído das paredes, mãos sem corpos haviam escrito palavras misteriosas, como no festim de Baltazar. O fanatismo, nas últimas convulsões da sua agonia, deu sinal desta última perseguição dos cristãos, anunciada por todos os profetas. Os mártires de Damasco perguntaram aos mortos de Perusa o nome daquele que salva e que abençoa; então o céu se cobriu com um véu e a terra ficou muda. Mais do que nunca, a ciência e a religião, a autoridade e a liberdade, parecem guerrear-se encarniçadamente e guardar entre si um ódio irreconciliável. Não acrediteis, todavia, nas suas aparências sanguinolentas: elas estão em vésperas de se unirem e de se abraçarem para sempre. A descoberta dos grandes segredos da religião e da ciência primitiva dos Magos, revelando, ao mundo a unidade do dogma universal, aniquila o fanatismo, dando a razão dos prodígios, O verbo humano, o criador das maravilhas do homem, se une pura sempre com o verbo de Deus, e faz cessar a antinomia universal, fazendo-nos compreender que a harmonia resulta da analogia dos contrários. O maior gênio católico dos tempos modernos, o conde José de Maistre, tinha previsto este grande acontecimento. "Newton — dizia ele — nos leva a Pitágoras; a analogia que existe entre a ciência e a fé deve, cedo ou tarde, uni-las. O mundo está sem religião, mas esta monstruosidade não poderia existir por muito tempo; o século XVIII dura ainda, mas vai acabar." Participando da fé e das esperanças deste grande homem, ousamos