Doença de Chagas
Introdução
As principais manifestações da doença de Chagas, em sua fase crônica, são sintomas e sinais decorrentes do comprometimento cardíaco e digestivo. A predominância de um ou de outro constitui a base para o reconhecimento clínico das duas formas mais freqüentes da doença, a cardíaca e a digestiva, em contraposição à forma indeterminada, revelável exclusivamente pela positividade de exame sorológico.
A forma digestiva tem como principal característica histopatológica a desnervação dos plexos nervosos intramurais, constituintes de complexa rede de neurônios, conhecida hoje como sistema nervoso entérico, que participa da regulação de todas as funções do tubo digestivo. A destruição dos neurônios, que ocorre de forma generalizada quanto à sua distribuição, mas não sistematizada em sua intensidade, determina, em maior ou menor grau, alterações nas secreções, na absorção e, principalmente, na atividade motora do tubo digestivo. As disfunções motoras podem ser manifestas por sintomas bem definidos, como a disfagia ou a constipação, traduzindo, respectivamente, dificuldade de trânsito através do esôfago e do intestino grosso, mas, podem ser assintomáticas, sendo reveláveis apenas por meio de testes funcionais especiais. As disfunções motoras do órgão comprometido constituem a etapa inicial do processo patogênico que leva ao estabelecimento das dilatações ou "megas", os quais representam a fase mais avançada e a expressão mais evidente do comprometimento digestivo pela moléstia de Chagas. Entretanto, a dilatação pode ser compatível com função dentro da normalidade como, por vezes, acontece na colopatia. Também, não há, regularmente, uma inexorável evolução das formas anectásicas da doença, para as formas mais avançadas. As mais freqüentes manifestações da forma digestiva são a esofagopatia e a colopatia que podem evoluir, respectivamente, para o megaesôfago e o megacólon, desde incipientes, até gigantescos "dólico-megas".