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Casa revestida de aço no meio da mata atlântica desafia tradições ao reforçar imagem puramente artificial em meio ao domínio do natural
Por Simone Sayegh Fotos Eduardo Aigner
Edição 177 - Dezembro/2008
SLIDE SHOW DESENHOS FICHA TÉCNICA FORNECEDORES
O refúgio escondido na mata é tema recorrente na arquitetura. Remonta à idéia do abrigo seguro em meio à natureza selvagem, à velha casa da árvore. A vontade de estar perto do que é natural, puro e forte nos leva a incrustar casas no meio de árvores nativas, cipós, mato e terra. Mas pouca gente deseja se expor a bichos que voam e picam, ou a animais que rastejam e mordem. Em geral, esses refúgios são perfeitamente estanques, fechados e abertos na medida certa e, ao contrário do que poderíamos imaginar, não necessariamente miméticos. Simplesmente estão lá, como uma nave pousada em um mundo alienígena.
É o caso da Casa Varanda, erguida na mata Atlântica com projeto de Carla Juaçaba (AU 166), ou daquela em Pouso Alto, dos arquitetos Newton Massafumi e Tânia Regina Parma, da Gesto Arquitetura, (AU 162), e também dos módulos residenciais criados pelos arquitetos Ana Vidal e Silvio Sant'Anna (AU 130), construídos no meio das árvores em Parati, bem perto da natureza e mais ainda da tecnologia. A todos esses exemplos agora podemos somar a experiência do escritório gaúcho Studio Paralelo.
Foi bastante reveladora a conversa com Luciano Andrades, um dos responsáveis pelo projeto da casa no meio da mata próxima à cidade serrana de São Francisco de Paula, a 100 km de Porto Alegre. O objetivo dos arquitetos era justamente evitar qualquer referência campestre e mostrar que uma casa industrializada serve a todos os sítios naturais, como módulos de morar. O arquiteto bebeu na fonte da arquitetura moderna e de sua imparcialidade e clareza estética. Assim, o projeto é extremamente simples, ortogonal e planar.
O terreno de cerca de 1,6 mil m² é totalmente tomado de mata atlântica e araucárias. Localizado em um