Documentario by bye brasil
Fruto do amadurecimento artístico do diretor Carlos Diegues, a idéia de registrar a transição de um país arcaico e distante do mundo para outro, "integrado" -- porém esquizofrênico e pateticamente miserável -- surgiu durante visita do diretor à floresta amazônica.
Para conhecermos "Bye, Bye Brasil" precisamos conhecer a Caravana Rólidei, fictícia protagonista e preâmbulo da diversão levada de cidade em cidade, cada uma mais distante e necessitada do grupo de artistas mambembes, que vendem ilusão, sexo e circo, na medida certa para deleite dos espectadores e autoridades locais. Esta realidade mudará com o passar do tempo, com a chegada da televisão e a perda da inocência sertaneja para uma espécie de "subcapitalismo". A glória e decadência da Caravana serão o reflexo dessas transformações, ou o "neurótico manifesto" do trauma brasileiro.
Da Caravana fazem parte inicialmente Lorde Cigano (José Wilker), Salomé (Beth Faria) e Andorinha (Príncipe Nabor). Lorde Cigano é legítima figura nacional: sobrevivente, mestre do improviso, vai da vidência espiritualizada à baixa cafetinagem ao sabor dos acontecimentos. Salomé, sua partner, não difere muito, conciliando a atividade de dançarina e cantora com a de eventual prostituta, engolindo todas com ar blasé e sutilmente arrogante. No meio da dupla, Andorinha, negro forte e silencioso, que também improvisa sua atividade de faz-tudo com a de vencedor nas apostas de queda-de-braço promovidas por Lorde Cigano, sempre em nome de um retorno financeiro rápido e tranqüilo.
A eles se juntam Ciço (Fábio Júnior) -- sanfoneiro que vislumbra na passagem da Caravana uma chance de sobrevivência -- e Dasdô (Zaira Zambelli), mulher de Ciço, grávida que dará à luz no meio da Transamazônica. Curioso é que, dos cinco, sabemos apenas a origem do jovem casal.