Do silencio do lar ao silencio escolar
Resumo
A pesquisa aqui descrita abrangeu entrevistas com uma professora e quatro meninos negros de uma segunda série em uma escola pública na cidade de São Paulo. Os meninos negros entrevistados apresentavam um desempenho escolar igualmente insatisfatório. Apesar disso, foi possível perceber que eles desenvolviam diferentes estratégias para lidar com as exigências e regras escolares. Em alguns casos, eles assumiam uma atitude “antiescola” e eram protagonistas freqüentes de conflitos com colegas e professores. Em outros casos, no entanto, eles procuravam meios alternativos para serem reconhecidos e elogiados, por exemplo, sendo prestativos e solícitos. A partir destes resultados, concluímos pela heterogeneidade do grupo de meninos negros em relação as suas posturas e atitudes frente às dificuldades de aprendizagem.
Palavras-chave: Gênero, Raça, Ensino Fundamental, Masculinidades, Meninos. 1. Introdução
Esta pesquisa teve como motivação inicial o interesse em compreender as possíveis razões que levam meninos negros (pretos e pardos) a apresentarem uma situação escolar bastante desvantajosa em comparação aos outros grupos (meninas brancas e negras, e meninos brancos): eles têm maiores dificuldades em permanecer na escola ao longo dos anos escolares, recebem conceitos de avaliação inferiores aos emitidos aos outros grupos, e são mais freqüentemente indicados para realizarem atividades de reforço (KIMMELL,
Este artigo é uma versão resumida do Trabalho de Conclusão de Curso em Pedagogia, intitulado “Formas de ser menino negro: articulações entre gênero, raça e educação escolar na construção das masculinidades negras”, defendido na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e orientado pela professora Dra. Marília Pinto de Carvalho. 2 Graduada em Pedagogia pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e integrante do grupo “Estudos de Gênero, Educação