DO GEOCENTRISMO À RELATIVIDADE. Brevíssimas notas sobre as exigências do ensino superior.
Brevíssimas notas sobre as exigências do ensino superior.
Gilberto de Moura Santos
Num determinado momento, ainda nos primeiros anos de vida, as crianças aprendem que há outros entes, outras pessoas tão importantes quanto elas. Assim, elas passam a tomar consciência de si ao tempo em que reconhecem os outros. Este não é um processo indolor, tampouco inexorável: algumas crianças “insistem em acreditar na teoria geocêntrica” e permanecem convictas de que são o centro do universo. Ainda antes dessa revolução copernicana, aquela que costuma arrebatar boa parte dos humanos, resgatando-os do geocentrismo, o infante atravessa uma avalanche de informações e comandos. Mas é sobretudo depois dela que a enciclopédia de proibições e imposições ganha vulto. Nessa fase, as verdades são inoculadas nas crianças: não há muito espaço para reflexão.
Na adolescência ocorre outro choque. As verdades incontestes até então defendidas pelo jovem, verdades que, aliás, foram absorvidas quase que por osmose, perdem sentido, parecem fora do lugar. Aquilo que lhe soava familiar torna-se, de súbito, estranho. Trata-se de um autêntico conflito de gerações. Arredio, por vezes mal humorado, o adolescente passa a objetar as certezas que outrora lhes serviam plenamente. Ao turbilhão de hormônios, com as mudanças físicas que isto implica, adicionem-se as mudanças psicológicas que tornam o adolescente, não raro, desajustado pelo simples fato (nem tão simples assim) de ser um tipo de gente que não pode mais ser chamado de criança, tampouco de adulto.
Essa revolução física, química e psicológica costuma arrefecer na mesma época em que o jovem consegue optar conscientemente em relação às verdades que quer seguir. Dito de outra forma, a crise “termina” quando o jovem passa a fazer suas próprias escolhas, ainda que algumas delas coincidam com as orientações que lhes foram apresentadas anteriormente.
O resultado desse processo, desta outra revolução