Do Etnocídio
Departamento de Antropologia
Introdução à Antropologia
ALINE NÓBREGA DE OLIVEIRA
Texto: LAPLANTINE, François. "A pré-história da antropologia". In Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2003.
Laplantine inicia o texto contextualizando a gênese da reflexão Antropológica que é contemporânea à descoberta do Novo Mundo. Segundo ele, o Renascimento explora o desconhecido e o homem europeu coloca uma questão nascida do confronto com a alteridade: “aqueles que acabaram de serem descobertos pertencem à humanidade?”. Nascem os primeiros discursos sobre os povos. As questões levantadas possuem um viés religioso: “O Selvagem tem alma?”, “o pecado original também lhes diz respeito?”. (p.25).
Desse confronto nascem ideologias de recusa e fascinação pelo estranho ou a figura do “bom civilizado” e do “mau selvagem”. Posições debatidas pelo dominicano Las Casas e o jurista Sepulvera. Se no século XIV esses discursos aconteciam no âmbito religioso, hoje permanecem vivos na Antropologia.
Para o europeu o encontro com o outro foi vista como aberração e não como um grande acontecimento. A extrema negação da diversidade das sociedades humanas se transformou em discursos que exaltavam o homem ocidental europeu e reduziam outros povos à condição de animais, selvagens ou bárbaros opondo a animalidade à humanidade.
Além do julgamento religioso conferido aos índios reduzindo-os a povos “sem religião” outros critérios foram utilizados pelos europeus para formular um juízo – ocidental – para caracterizá-los como a aparência física (eles estão nus) ou “vestidos de peles de animais”; os hábitos alimentares (comem carne crua); e na linguagem “eles falam uma língua” ininteligível. (p.28).
O bom civilizado consiste na superioridade do homem que descobre o “outro” reduzindo-o a uma figura bestial do mau selvagem “sem lei, sem fé, sem moral, sem escrita, sem consciência, sem Estado, sem razão, sem arte.”(p.28). Essas “ausências” apontadas nos