Ao observarmos as práticas do professor em sala de aula, não podemos concluir taxativamente sobre as suas concepções e muito menos inferir, de maneira apressada, sobre os princípios teóricos que norteiam a sua ação. Os modos de agir não estão sempre coerente e inextricavelmente articulados aos princípios teóricos, mesmo quando estes existem claramente. Rotular um professor de "Freinetiano", "Vygotskiano", etc. é caricaturá-lo em relação a alguns aspectos específicos de uma ou outra teoria. A prática não é transparente nem homogênea. Ela é permeada por contradições que impedem identificá-la com uma única teoria. Em qualquer sala de aula um behaviorista, um construtivista, um sócio-interacionista, descobrirão princípios pertinentes às suas teorias e terão o que dizer sobre a relação de ensino. As teorias constituem, assim, um lugar do qual se olha a prática cotidiana. Parece haver uma lógica da prática pedagógica, forjada na dinâmica social, que é concebida em termos de conceitos, conhecimentos, princípios teóricos mais, ou menos, explícitos para o professor. É o "dever ser" da prática pedagógica, que constitui o "ideal". Esse "ideal" não é único, não é estático e também não é homogêneo. Permeado por imagens e valores, mesmo tendo um caráter difuso, ele se constitui como ponto de referência, onde se configuram os parâmetros que orientam a prática. Para podermos então da ação, da prática de um professor, sem caricaturá-lo ou rotulá-lo, deveríamos, no mínimo, ter acesso às suas concepções. A explicitação de como o professor pensa o que fazer, como fazer e para que fazer, como ele se organiza e planeja, quais são seus objetivos e intenções, pode fornecer elementos que subsidiem a compreensão do seu trabalho. São muitos, também os possíveis lugares teóricos de onde se pode olhar a prática cotidiana. Teorias de ensino, teorias de