Diálogo
Gostaria de começar essa confissão fazendo uma ressalva sobre a semelhança que os homens tem entre si, e ao mesmo tempo, um abismo de peculiaridades, que nos faz diferentes por vivências e experiências, mas não em essência. A razão é um dom precioso que carregamos, e suas consequências podem ser mais preciosas ainda. Nós escolhemos para onde direcionamos a nossa razão, essa nos leva a caminhos, ora incertos e ora cheios de certeza e de novo nos encontramos com as peculiaridades individuais, visto que cada um possui a sua própria certeza (ou incerteza) gerada por aonde se levou sua própria razão. Essa pequena reflexão me leva a pensar a respeito dos últimos anos da minha vida que guardo com mais frescor na memória, nos anos mais antigos que estão, na maior parte, apenas flashes em minha memória e na trilha da minha vida que eu percorri com a minha racionalidade em momentos mais convenientes, e na inconveniência do impulso que apesar de toda energia que carrega me levou a muitos caminhos bons. Fico a pensar também nas memórias dos mais velhos que foram passadas para mim em forma de histórias, valores e lições, que considero peça fundamental da minha formação. Dês de cedo, guardo memórias (ou talvez o sentimento) de uma necessidade imposta de passar por uma universidade para conseguir um pedaço de papel que me garantiria o “ser alguém na vida”. Hoje em dia a exigência está maior, além do saber, precisamos ter, para ser. Novamente venho tratar das semelhanças e diferenças dos homens, dos homens do passado e do presente, mas agora pensando sobre as transformações na educação, que acompanharam as transformações sócio-culturais ocorridas ao longo de muitos anos, transformações que levaram a grandes diferenças e também a grandes semelhanças. Na época em que viveu Descartes, e desde antes disso, infelizmente, perante a sociedade, valoriza-se mais um “homem letrado” do que um homem de bom saber, grande equívoco, sociedade,