O termo divisão do cérebro denota o seccionamento completo do corpo caloso, uma operação que normalmente é realizada para a epilepsia multifocal medicamente intratável. (Reeves e Roberts 1995). Essa cirurgia tem o objetivo de evitar que a onda epilética passe de um hemisfério para o outro, reduzindo o seu efeito. O corpo caloso é uma estrutura formada por axônios de neurônios localizados num hemisfério cerebral e que cruzam a linha média e fazem sinapses com neurônios localizados no outro hemisfério. Portanto, é a principal estrutura responsável por fazer a comunicação entre os dois hemisférios. Qualquer informação que parta de um hemisfério só pode ser enviada até o outro através do corpo caloso. Estudos realizados por Gazzaniga, junto com outros pesquisadores, demonstraram de forma inequívoca que cada hemisfério apresenta sua forma específica de processar as informações que recebe. Numa pessoa com o corpo caloso os hemisférios trocam as informações e o processamento é integrado. Entretanto, no paciente Split-brain essa troca não ocorre, e assim pode-se estudar como cada hemisfério funciona independentemente. Com os hemisférios conectados pelo corpo caloso, normalmente o lado dominante é o esquerdo. Quando eles são desconectados pela remoção do corpo caloso, inicia-se uma competição por domínio. Pacientes Split-brain demonstram claramente essa competição quando lhes é pedido para realizar tarefas específicas com uma das mãos. O que se observa é que a outra mão começa a se inserir na tarefa, involuntariamente, e as duas ficam competindo para ver quem faz a tarefa. Na síndrome a competição fica pior e um dos hemisférios começa a ficar "enfurecido”, gerando os movimentos estranhos, justamente por serem comandados por um dos hemisférios, mas sem serem comandados pela consciência da pessoa. Quando os pacientes que sofreram uma calosotomia completa se recuperam dos efeitos agudos da operação e alcançam um estado estável, eles manifestam uma variedade de