Divis O Do Pensamento
Seu pensamento é geralmente dividido em duas fases: a pré-critica, que vai até a Dissertação de 1770, e a crítica, a partir da publicação da Crítica da razão pura. Em sua fase pré-crítica, que se baseia nas ideias de Descartes, Kant pode ser considerado representante típico do chamado "racionalismo dogmático", caracterizado pela forte influência do "Sistema Leibniz-Wolff”, isto é, do seu predomínio, sobre tudo no contexto alemão, da filosofia racionalista inspirada em Leibniz e desenvolvida e sistematizada por Christian Wolff. Segundo ele mesmo nos relata em seus Prolegômenos, foi a leitura de Hume que o despertou do seu “sonho dogmático”. Os questionamentos céticos de Hume abalaram profundamente Kant, que visava empreender uma defesa do racionalismo contra o empirismo cético. Percebeu, no entanto, a importância das questões levantadas pelos empiristas, destacadamente Hume, e acabou por elaborar uma filosofia que caracterizou como racionalismo crítico, pretendendo precisamente superar a dicotomia entre racionalismo e empirismo. É significativo que Kant, formado no contexto do racionalismo alemão, tenha dedicado a crítica da razão pura a Bacon, o iniciador do empirismo.
Em sua lógica, Kant define a filosofia como “a ciência da relação de todos o conhecimento de todo o uso da razão com o fim ultimo da razão humana” caracterizando- se pelo tratamento de quatro questões fundamentais:
1. O que posso saber? Questão que desrespeita a metafísica, no sentido kantiano de investigação sobre a possibilidade e legitimidade do conhecimento.
2. O que devo fazer? Cujo a resposta é dada pela moral.
3. O que posso esperar? O problema da esperança de que trata a religião.
4. O que é o homem? Objeto da antropologia, à qual em última análise se reduzem a outras três que é na verdade a mais importante das quatro.
Tendo em vista essas questões, o filosofo deve determinar:
1. As fontes do saber humano;
2. A extensão do uso possível e útil de todo o saber;