Diversos
Fernando Dias de Avila-Pires e Márcia Grisotti
Resenha do livro: DELAPORTE François. La Maladie de Chagas. Histoire d’un fléau continental. Paris: Bibliothèque Scientifique Payot, 1999. 219 p.
Herdeiro da tradição histórico-arqueológica de Michel Foucault bem como das análises histórico-epidemiológicas de Georges Canguilhem, atualmente professor de Filosofia na Universidade de Picardie-Jules-Verne (França), o pesquisador François Delaporte é autor de importantes estudos, com destaque para as histórias da fisiologia vegetal no século XVIII, da epidemia de cólera em Paris (1832) e da febre amarela. Neste livro, o autor .apresenta novas interpretacões sobre a constituição da doença de Chagas no Brasil., discutindo as possibilidades para o “descobrimento” de algo novo na ciência. Seguindo um padrão de investigação histórico-arqueológico que problematiza e destaca a noção de continuidade, ao evidenciar a multiplicação de rupturas nas idéias (as séries, os recortes, os limites, as especificidades cronológicas, os erros, entre outros), Delaporte analisa a história de uma pesquisa, cujo projeto surgiu através do desvio de sua primeira linha de atuação, balizada por acidentes de percurso e marcada pelos jogos do acaso e do erro. Ao contrário dos historiadores que procuram analisar os períodos históricos de forma linear, como se os episódios revelassem equilíbrios estáveis e difíceis de serem rompidos, Delaporte mostra que a necessidade, que comanda a proposição de um problema científico, os conceitos utilizados e a escolha dos meios colocados em marcha não decorrem de uma trama causal pré-estabelecida. Ele questiona um mito epistemológico, revelando que o método científico muitas vezes se encaixa dentro de um sistema de relações que não tem, necessariamente, um vínculo com a realização de um projeto. Para realizar esse estudo, Delaporte analisou profundamente o sistema lógico da