Diversidade Sexual
Este texto dá continuidade a uma pesquisa que venho realizando há alguns anos a respeito das relações entre mitologia, sexualidade e repressão (2) (3). A hipótese que desenvolvo neste trabalho pode ser assim enunciada: ainda que o recalque (Verdrängung) da sexualidade seja o movimento universal que marca o modo de circulação pulsional própria do humano, sendo a condição primeira para a existência do estado de cultura (4), a repressão (Unterdrückung) da sexualidade que se seguirá geradora da moral sexual é tributária do sistema de valores que sustenta o imaginário social. As origens deste sistema devem ser procuradas nos mitos fundadores da cultura em questão. E o lugar da sexualidade nos relatos mitológicos - pecado, culpa, responsável pela queda, fonte de prazer... - marcará profundamente as formações ideais e superegoicas responsáveis pelo modo como o sujeito vivencia, consciente e inconscientemente, sua sexualidade. Os princípios estipulados pela moral sexual introduzem no Eu em formação, via identificação, regras de conduta que, muitas vezes, estão em completa oposição aos destinos pulsionais. Ainda que alguns sujeitos não se deixem influenciar pelos mitos de origem, eles não são imunes às suas influências devido à introjeção dos ideais sociais. É, também, dos mitos de origem que os discursos, ideológico e político, tiram a sua força ao apresentá-los como verdades universais e/ou como revelações divinas a serem seguidas sem questionamentos.
Uma outra hipótese que desenvolvo é que certas manifestações da sexualidade, definidas pelo referencial psicanalítico como perversas, podem ser entendidas como subprodutos da cultura ocidental. Dito de outra forma: as perversões seriam o retorno, sob o modo