Diversidade linguística
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
Curso de Letras - 4º ano
Aluna: Graziela Vieira
Quando o assunto é língua, existem na sociedade duas ordens de discurso que contrapõem: (1) O discurso científico, embasado nas teorias da Lingüística moderna, que trabalha com as noções de variação e mudança; e (2) o discurso do senso comum, impregnado de concepções arcaicas sobre a linguagem e de preconceitos sociais fortemente arraigados, que opera com a noção de erro. (Bagno, Marcos. Nada na língua é por acaso, 2006)
A afirmação exposta acima é do linguísta e professor Marcos Bagno. São estas as duas visões predominantes a cerca da língua portuguesa, tudo aquilo que foge aos compêndios gramaticais é taxado como errado, e qualquer tentativa de se plantar a discussão sobre as variedades lingüísticas é vista como ameaça à norma padrão. O estranhamento entre lingüistas, ou sociolínguístas e gramáticos existe há algum tempo e é fruto das mais acirradas discussões, e nos últimos meses este estranhamento tornou-se mais evidente com a distribuição do livro “Por uma vida melhor” a estudantes da rede pública. Uma das críticas mais incisivas e reacionárias partiu de Evanildo Bechara, um dos mais respeitados gramáticos da língua portuguesa, segundo ele, um grupo de professores empenha-se em desvalorizar o bom português. O que se vê nas críticas feitas ao livro é uma campanha terrorista por partes de gramáticos que esbravejam aos quatro ventos que o emprego de um livro que exponha a questão da variedade lingüística representa a morte da língua portuguesa. Honestamente não é essa a proposta dos lingüistas, que são sim favoráveis ao ensino da norma padrão, o que se propõe é que ao lado desta, sejam apresentadas também outras manifestações populares do uso da língua, algo que parece ser democrático demais para quem está preocupado com a manutenção do caráter elitista da língua portuguesa.