Diversidade cultural e os desafios do trabalho docente
O que é ser professor / trabalhador do ensino nestes tempos sombrios de totalitarismo neoliberal? Como garantir a sobrevivência do pensamento crítico neste cenário? Como educar para a cidadania neste quadro de destruição continuada do espaço público – locus da ação e do discurso, portanto da política e da história? Como garantir a efetividade da diversidade cultural sob o signo da criminalização radical do dissenso, onde as diferenças – ou melhor, aqueles que são diferentes da sociedade dominante– são monitorados, contidos, segregados e, no limite, tornados supérfluos e eliminados? É a diversidade, no entanto, a condição sine qua non para o acesso a uma leitura do mundo que promova o entendimento do que é viver em sociedade. E não são estas – a diversidade, a construção da cidadania, a produção do pensamento crítico, o exercício do dissenso – as questões que constituem, ou deveriam constituir, a essência do processo pedagógico? Mas como neste tipo de processo pedagógico quando vivenciamos uma espécie de clímax do famoso tudo o que é sólido se desmancha no ar do Manifesto Comunista de Marx e Engels? Não é, ou deveria ser papel do docente buscar a construção da consciência histórica, não importa a disciplina ministrada por ele? Mas como fazê-lo nestes tempos que parecem ter cronificado uma crise de dimensões estratosféricas e caráter apocalíptico que compreende o fim das grandes causas, o fim da luta de classes, o fim das ideologias, o fim da razão, o fim das grandes sínteses, o fim das utopias – o fim da história?
Todas estas perplexidades são geradas pelo processo pós-moderno de estabilização defeituosa da história, segundo o qual a mera possibilidade de se admitir uma alternativa real para o projeto hegemônico é demonizada ou desqualificada como irreal, patológica, caótica, inadmissível. E olha que o projeto hegemônico é esse totalitarismo neoliberal, combinação de duas espécies de