Dissertação Mensagem - Fernando Pessoa
Toda a nossa civilização é fundada pelos mitos. Desde sempre que estes se envolveram com o Homem. O medo do desconhecido, de tudo aquilo que não pode ser facilmente explicado era enfrentado através de histórias que aliviavam o fardo da Humanidade transmitindo-lhe força para ultrapassar todos os obstáculos. No nosso tempo o mito é utilizado para difundir e transmitir valores e ideais, ensinado, muitas vezes, importantes lições de vida e oferecendo aquilo a que chamamos esperança, até porque “O mito torna suportável a insuportável realidade”
Fernando Pessoa utiliza o mito como fecundador da realidade. O mito que “é um nada que é tudo”; apesar de não existir de modo concreto tem força para impulsionar grandes actos e obras. O poeta de A Mensagem expunha miticamente os grandiosos feitos Portugueses e alguns dos seus principais fermentadores provando que mais do que serem factos históricos concretos, a posse do mar e tudo o que lhe está inerente são símbolos de um espirito e de ideais que é preciso reacender de modo a que Portugal, a grande nação, se reerga das cinzas.
Desta forma Pessoa seve-se, sobretudo, do mito ligado a figura de D. Sebastião onde este reaparecerá numa manhã de nevoeiro após o seu desaparecimento na batalha de Alcácer Quibir. É um facto presente que D. Sebastião morreu fisicamente, contudo o seu regresso místico representa um renascimento da força e vitalidade Portuguesa, a vontade e o sonho de Portugal voltar a ser uma grande nação, tornando-se no tão desejando Quinto Império. Um Império dominado pelos Portugueses através da sua espiritualidade, da sua dominação cultural e artística e não de conquistas territoriais conseguidas pela guerra.
Assim é o mito que faz de nós seres ambiciosos e sonhadores, seres com espirito, dispostos a enfrentar dificuldades e obstáculos e não apenas lacaios de uma máquina carnal.
Dissertação elaborada por: Joana Calado