Disléxico
Refletir sobre a questão se o disléxico deve ser inserido em uma escola dita comum e regular, caracterizada pela diferença, ou em uma especial, remete-nos ao fato de que a história de um indivíduo sempre nos chega antes dele próprio. Sendo assim, ficamos subordinados a ela e desenvolvemos um modelo com o qual passamos a nos relacionar. Por vezes essa história é pragmática, determina o rumo, gera impotência, segrega o indivíduo a tal ponto que o limita e o aprisiona dentro do seu próprio contexto.
Não seria essa a visão da escola regular, que julgando as diferenças e as deficiências do aluno como impedimento para acompanhar seu esquema pré-moldado de aprendizagem, estaria privilegiando um único caminho para todos? Não estaria a Instituição Escola apresentando um modelo padrão de aluno, modelo esse elitista e, portanto, por si só alienante e autodestrutivo, não somente para o disléxico, mas para qualquer aluno?
Não é raro encontrarmos a substituição do aluno pela sua história, com todo o caráter esteriotipado que ela encerra, perpetuando assim os fracassos na esfera e responsabilidade do indivíduo. Assim sendo, se o disléxico não aprende do mesmo jeito e na mesma velocidade dos demais colegas de sala de aula, deve ir para uma escola especial, pois é ele o problemático e o fracassado. Nem é raro o disléxico ser rotulado de deficiente mental, burro, incompetente, desleixado ou irresponsável pela equipe de professores, quando não pelos próprios familiares e por modelo pelos seus próprios amigos.
A tendência de se colocar o problema como sendo apenas do indivíduo, impede os educadores de buscarem informações e recursos que os capacitem efetivamente a lidar com seus alunos, pois tomariam para si o desafio de criar metodologias eficientes, que acolhessem cada aluno, respeitando e entendendo sua individualidade. Além do mais, sabemos que até as limitações genéticas da inteligência podem ser compensadas pelos desafios do meio