Discurso sobre a servidão
Boétie inicia o texto com a indagação “a república é ou não é preferível à monarquia?” (p. 73), segue então com outra de se seria possível acreditar que existe algo público nesta, bem como um pode subjulgar tantos.
“Se vivêssemos com os direitos que recebemos da natureza e segundo os preceitos que ela ensina, seriamos naturalmente submissos a nossos pais, súditos da razão, mas escravos de ninguém”. (p.80), não somos apenas todos iguais, somos irmãos. Todas as características da nossa existência, a condição humana em si nos aproxima e revela não haver distinção entre os homens. A liberdade é natural e ninguém deve ser mantido em servidão, pois contrariar a razão (a natureza) é que gera a injustiça.
Existem três tipos de tiranos, os que possuem o reino pela eleição do povo, pela força das armas ou pela sucessão da raça. Os escolhidos tratam o povo como um touro a ser domado, os conquistadores como uma presa sob a qual têm direito, os sucessores como um rebanho de escravos que, naturalmente, lhes pertence. (p. 83)
O homem naturalmente alinha-se à liberdade, querendo exercê-la, porém esta pode tomar outra feição quando é ensinada pela educação. Sendo assim, se “todas as coisas a que o homem se acostuma e se molda tornam-se naturais (...),assim a primeira razão da servidão voluntária é o hábito.” (p.88), ou seja, os homens servem voluntariamente, pois nascem servos e são criados na servidão. Uma consequência necessária disto é que sob a tirania os homens tornam-se covardes e efeminados; perde-se a liberdade juntamente com a valentia.