Discurso sobre a origem e os fundamentos das desigualdades entre os homens
Jean-Jacques Rousseau
(1754)
INTRODUÇÃO:
A Academia de Dijón propôs em 1753, para prêmio do ano seguinte a questão: Qual a origem da desigualdade entre os homens e será ela permitida pela lei natural? Rousseau resolve concorrer. E para se concentrar melhor, deixou Paris e afastou-se do convívio dos demais, perto de uma floresta em Saint-Germain.
Rousseau neste discurso sofreu forte influência da filosofia enciclopédica e das ciências naturais e históricas.
Ele procurou construir racionalmente a história humana ao invés de se basear exclusivamente nos dados da geografia, da erudição e da teologia. Em alguns pontos chega até a adotar quase que a teoria completa de um de seus precursores: a teoria das paixões é de Diderot.
Apesar de suas próprias declarações, Rousseau pede aos fatos a confirmação de seus raciocínios. Apoia seu sistema no estudo do corpo humano, das raças e dos povos.
DEDICATÓRIA:
“E vós, MAGNÍFICOS E HONRADÍSSIMOS SENHORES, vós, dignos e respeitáveis magistrados de um povo livre, permiti-me particularmente oferecer-vos minhas homenagens e meus respeitos.”
(ROUSSEAU, 1999, v.2, p.39) A dedicatória é destinada à República de Genebra ”Convencido de que só ao cidadão virtuoso cabe prestar à sua pátria as honras que ela possa consentir, há trinta anos esforço-me por merecer oferecer-vos uma homenagem pública.” (ROUSSEAU, 1999, v.2, p.33). Nela, Rousseau descreve o Estado ideal, na forma por que decorre das teses enunciadas no discurso e atribui a origem dessas teses e seu valor ao fato de, na sua infância, ter sido formado de acordo com as leis e os costumes da República de Genebra. Sua dedicatória aos cidadãos de Genebra e aos seus representantes do Estado é natural e sincera. A louvação ao seu pai “que me seja permitido citar um exemplo [...] que estará sempre presente em meu coração. Nunca deixo de lembrar-me, com a mais agradável emoção, da memória do