Discurso indireto livre
INSTITUTO DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS PARA O ESTUDO DAS LETRAS
DISCIPLINA: ESTUDO DAS TEORIAS E REPRESENTAÇÕES DA LITERATURA E DA CULTURA
DISCIPLINA LET A 16- 2014.2
Professora Luciene Azevedo
DISCURSO INDIRETO LIVRE
Lubomir Dolezel: a relação (entre o discurso do narrador e o do personagem) sofreu uma mudança drástica. Em termos estruturais, essa mudança pode ser descrita como um processo de 'neutralização'. D.A. Miller: No estilo indireto livre as duas expressões antitéticas (a do personagem e a da narração) ficam, por assim dizer, tão próximas quanto possível da barreira que as separa... A narração se aproxima da realidade psíquica e linguística de um personagem tanto quanto consiga, sem se esvair nela, e o personagem faz o tanto quanto possa do trabalho da narração, sem adquirir sua autoridade.”
James Wood: O estilo indireto livre atinge seu máximo quando é quase invisível ou inaudível: “Ted olhava a orquestra por entre lágrimas idiotas”. Em meu exemplo, a palavra 'idiotas' mostra que a frase está no estilo indireto livre. Tirem o adjetivo, e termos um relato-padrão: “Ted olhava a orquestra por entre lágrimas”. O acréscimo da palavra 'idiotas' levanta a questão: que palavra é essa? Não é provável que eu queira chamar meu personagem de idiota só porque está ouvindo música numa sala de concertos. Não, uma maravilhosa transferência alquímica, agora a palavra pertence, em parte, a Ted. Ele está ouvindo a música e chorando, e se sente constrangido- podemos imaginá-lo enxugando raivosamente os olhos- por ter permitido que aquelas lágrimas 'idiotas' corressem. Converta a frrase para a primeira pessoa, e teremos: “que idiota, chorar por causa dessa peça boba de Brahms”, pensou ele”.
O que há de tão útil no estilo indireto livre é que, no nosso exemplo, uma palavra como 'idiota' de certa forma pertence ao autor e ao personagem, não sabemos muito bem quem 'possui' a palavra.
Exemplos
Emma, Jane Austen
Os cabelos