Discurso Filosófico
Tanto o discurso filosófico-científico quanto o mitológico fascinam os homens: aquele por causa do conhecimento que produz e agrega (associa), este, pela possibilidade da “relação” com uma divindade, pelo mistério e pela beleza do imaginário que apresenta.
Contudo, o desenvolvimento da postura de insatisfação perante as explicações do mito e a iniciativa de investigar a realidade segundo outros critérios e métodos, não invalidam o discurso mitológico nem o torna desimportante, enquanto elemento de identidade.
O que se dá é que aqueles que passam a explicar a realidade por meio do discurso (Logos) filosófico-científico, ainda que concebam certa metafísica, já não depositam crença no mito, ainda que continuem a fazer parte do mesmo grupo cultural.
Todavia, uma vez que Explicar é tornar [algo] inteligível e claro (Aurélio), e levando em consideração o fato de que o mito “recorre (...) ao mistério e ao sobrenatural, ou seja, exatamente áquilo que não se pode explicar” (MARCONDES, 2010, 21), conclui-se que o mito não explica a realidade, não a torna inteligível e não há consenso quanto ao fato de saber se, por acaso, este é o intento do mito.
O mito é criação, um modo específico de ver a realidade e, como tal, se constitui uma narração e é justamente na condição de narração da sua própria criação que o mito oferece uma justificação para os acontecimentos da realidade. O que falta de lógica (Logos) na narrativa mitológica, a crença completa, uma que não há o que investigar no mito. A realidade é que deve ser investigada, esta que se oferece como conteúdo ao pensamento filosófico-científico. “O mundo se abre, assim, ao conhecimento, à possibilidade total de explicação” (Ibidem).
“È nesse sentido que a tentativa dos primeiros filósofos da escola jônica será buscar uma explicação do mundo natural (a physis). A chave da explicação do mundo de nossa experiência estaria então (...) no próprio mundo, e não fora dele, em