Discourses and representations
Norman Fairclough (2003)
Introdução
Discurso
Fairclough define discurso como diferentes maneiras de representar aspectos do mundo ― processos, relações e estruturas do mundo material; pensamentos, sentimentos e crenças do mundo mental; e identidades e relações do mundo social. O autor afirma, ainda, que discursos não apenas representam o mundo como ele é, mas também podem ser projetivos e imaginários, “representando possibilidades de mundos diferentes do real, e atrelados a projetos de mudança do mundo em direções específicas”1 (FAIRCLOUGH, 2003, p. 124).
Discursos diferem entre si quanto a seus graus de repetição, commonality e estabilidade ao longo do tempo e à sua “escala” (conceito que pode ser compreendido da perspectiva cartográfica, referindo-se à proporção de quanto do mundo um determinado discurso inclui, ou seja, ao potencial de representação do discurso). Sendo assim, todo discurso encontra, simultaneamente, uma estabilidade relativa e uma constante variabilidade interna, bem como se relaciona dialeticamente com outros discursos e com outros elementos da vida social.
Textos, discursos e interdiscursividade
Fairclough relaciona textos e discursos de forma análoga à relação estabelecida pela Linguística Sistêmico-Funcional entre os sistemas léxico-gramaticais e as metafunções da linguagem: textos realizam discursos de forma semelhante à que o sistema da transitividade realiza a metafunção ideacional da linguagem, por exemplo. É necessário enfatizar, no entanto, que “textos diferentes dentro da mesma cadeia de eventos ou que se encontram relacionados às mesmas (redes de) práticas sociais, e que representam de maneira geral os mesmos aspectos do mundo, diferem no tocante aos discursos que delineiam” (FAIRCLOUGH, 2003, p. 127) e que “textos também estabelecem relações dialógicas ou polêmicas entre seus ‘próprios’ discursos e com discursos alheios” (FAIRCLOUGH, 2003, p. 128). Sendo assim, diferentes discursos