Direitos humanos, interculturalidade e racionalidade de resistência
Joaquin Herrera Flores
Fichamento do Texto
Falar de direitos humanos no mundo contemporâneo significa enfrentar desafios completamente diferentes dos que tiveram de enfrentar os redatores da Declaração Universal de 1948. Nas décadas posteriores a ‘’ nossa ’’ Declaração, os economistas e políticos keynesianos reformularam os espaços produtivos e institucionais em beneficio de uma ‘’geopolítica de acumulação capitalista baseada na inclusão ‘’ que fixou as bases do chamado Estado de bem-estar. Nessa época proliferaram os pactos entre capital e trabalho nos quais o Estado era o garantidor e árbitro da distribuição da riqueza. Entretanto, a partir do principio dos anos setenta e até hoje em dia, grande parte desse edifício desabou em razão da extensão global de uma ‘’geopolítica de acumulação capitalista apoiada na exclusão ’’, que recebeu o nome de neoliberalismo, em que prevalecem as desregulamentações dos mercados, dos fluxos financeiros e da organização do trabalho, com a conseqüente erosão das funções sociais do Estado. Se na fase de inclusão os direitos representavam as barreiras contra os ‘’desastres’ que eram produzidos pelo mercado (efeitos não intencionais de ações internacionais), na fase de exclusão é o mercado quem dita às normas que permitem que sejam superadas, principalmente pelas grandes corporações transnacionais, as ‘’externalidades ’’ e os obstáculos que os direitos e instituições democráticas opõem ao desdobramento global e total do mercado capitalista.
Está claro que não são as pessoas que contam, pois o que importa é unicamente a rentabilidade.
Como responder? A solução adotada foi fechar as fronteiras, erigindo fortalezas jurídicas e treinando policiais para impedir a ‘’invasão’’ dos desesperados, dos famintos... Dos diferentes. O debate político e teórico sobre o multiculturalismo que ocorre nos países enriquecidos pela ordem global, ao contrario de se centrar nos