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Parte I – DO HOMEM
Todos os pensamentos do homem provêm das sensações originadas de objetos externos que penetram em nosso ser através dos sentidos. A imaginação é a imagem da sensação menos clara, pois neste momento habita apenas os nossos pensamentos, não o mundo exterior. Quando a imaginação trata de coisas já há muito vivenciadas, constitui a memória, que em grande número dá origem à experiência. As sensações podem originar ilusões, seja nos sonhos ou em forma de seres sobrenaturais, que fazem com que o ser humano se confunda e se perca em meio a fantasias. Os pensamentos fluem de acordo com a ordem das sensações às quais o homem se remete, podendo seguir ou não uma linha de raciocínio. O raciocínio é a análise de causas e conseqüências, que gera uma previsão ou entendimento de determinado fato.
As concepções são compartilhadas entre os seres através da linguagem, que, quando mal usada, pode difundir conceitos errôneos. O uso da linguagem e a associação de idéias são realizados de forma diferente por cada homem, pois as sensações a que foram submetidos são únicas. Portanto, para munir-se de verdadeiros conhecimentos, o homem não deve prender-se à análise isolada de cada indivíduo, mas à sua percepção inserta em um todo, ou seja, não deve aceitar sem questionamento qualquer informação, mas sim contestá-la e até mesmo corrigi-la de acordo com seu ponto de vista, construindo um maior conhecimento de si mesmo.
Uma previsão que não se torna realidade ou um pressuposto que não existiu são erros. Porém, quando a concepção gerada pela mente humana é inconcebível, podemos dizer que ela é absurda. As expressões absurdas surgem devido à falta de método ou ao uso de figuras de linguagem. O raciocínio e a capacidade de identificar e refutar absurdos são conquistados através do esforço e prática em assimilar palavras e associar conceitos. Os conhecimentos determinados de um assunto compõem a ciência.
Crianças ainda não têm a capacidade de