Direito

9443 palavras 38 páginas
CONVERSA PARA RECEBER LEITOR
Um livro é como uma casa. Tem fachada, jardim, sala de visitas, quartos, dependência de empregada e até mesmo cozinha e porão. Suas páginas iniciais, como aquelas conversas cerimoniais que antigamente eram regadas a guaraná geladinho e biscoito champanhe, servem solenemente para dizer ao leitor (esse fantasma que nos chega da rua) o que se diz a uma visita de consideração. Que não repare nos móveis, que o dono da morada é modesto e bem-intencionado, que não houve muito tempo para limpar direito a sala ou arrumar os quartos. Que vá, enfim, ficando à vontade e desculpando alguma coisa... Por trás do formalismo óbvio, há sempre a regra de ouro da hospitalidade, que se traduz pura e simplesmente no respeito pela pessoa da visita e na satisfação de tê-la dentro do nosso teto, querendo conversar conosco. Aliás, melhor dizendo, são precisamente essas normas de recepção que amortecem a passagem entre a casa e a rua e, simultaneamente, nos fazem anfitriões, transformando o estranho, o parente e até mesmo o inimigo ou o estrangeiro numa "visita". Ou seja, uma entidade definida com extrema precisão social no caso brasileiro e portanto sujeita a uma série de atenções altamente conscientes - ritualizadas e solenes. Por causa disso, sem dúvida, sendo sobretudo brasileiros, damos tantas desculpas e inventamos tanta cerimônia: umas verdadeiras e outras mentirosas, umas conscientes e outras inconscientes, umas justas e outras simplesmente descabidas e exageradas. Desculpas e ritualizações feitas daquelas coisas que sabíamos estarem erradas ou mal apresentadas, mas que somente depois de a visita nos ter deixado nos damos conta da desarmonia ou feiúra que causavam. Pois bem: recebo o leitor nessa casa com todos os sentimentos. O primeiro diz, naturalmente, da hospitalidade com que espero acolher aqui quem vem procurar alguma coisa. Conversa séria ou fiada, conselho, sabedoria ou material de trabalho e pesquisa. Entendimento da sociedade brasileira ou

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