Direito & Psicanálise
Na minha prática profissional, por diversas vezes senti-me tal qual um psicanalista diante de seu paciente, exercendo seu poder de escuta, percebendo que antes de começar a orientá-lo sobre seus direitos e sobre a estratégia para resguardá-los, era necessário resgatar sua auto-estima e, principalmente, a sua verdade.
Entendi, portanto, que era necessário um melhor entendimento sobre as fronteiras de cada uma destas ciências a fim de justificarmos a utilidade e a necessidade de uma atuação multidisciplinar no escopo (da reestruturação das empresas familiares).
Como bem coloca Giselle Câmara Groeninga (1), é através do diálogo interdisciplinar que acabamos também por redimensionar a epistemologia de cada disciplina.
Não tenho e nem poderia ter a pretensão de fazer ás vezes de um psicanalista, mas entendo que presto uma homenagem a esta ciência ao reconhecer a importância de seus fundamentos e sua aplicação em outros campos profissionais. Assim também reverencio meus psicanalistas a quem, sem dúvida, devo parte relevante de minha tranqüilidade e bem estar.
Como negar a existência do inconsciente? Como negar a força de nossas pulsões? Como fechar os olhos para o desejo e para a morte que nos rondam e dilaceram a cada instante nos lembrando de nossa natureza humana, finita e contraditória? Obsessões, compulsões, renúncias, desejo, culpa e morte; Nossos relacionamentos com os outros, nossos acordos internos e nossas relações com os objetos são definitivamente influenciadas por estas questões. Negar estas influências é negar nossa existência e humanidade. Desprezar seus ensinamentos conduz para uma atuação por demais objetiva, parcial e, portanto, deficiente.
Assim como na Psicanálise, no Direito trabalhamos com a mesma matéria prima....O cliente! Ele tem sempre razão (exceto quando critica nossos honorários). Ele é o Sujeito. O Sujeito do Desejo e o Sujeito do Direito. O que eles têm em comum?