Direito internacional
SURDOS
Wagner Teobaldo Lopes de Andrade*
Marígia Ana de Moura Aguiar**
Francisco Madeiro***
Resumo: A escrita é uma importante forma de comunicação dos surdos tanto com seus pares quanto com os ouvintes, dada a sua dificuldade em desenvolver a oralidade. Por estarem as marcas de oralidade diretamente relacionadas à coesão textual, este estudo objetivou investigar o uso de repetições na escrita de surdos. Quinze surdos oralizados, quinze surdos não-oralizados e quinze ouvintes responderam a um questionário analisado quantitativa e qualitativamente em função da ocorrência, tipologia, forma, posição e função das repetições. Os três grupos utilizaram a repetição na escrita. Os dois grupos de surdos apresentaram, majoritariamente, baixa frequência na repetição, integral e adjacente, na escrita. Os oralizados realizaram mais repetições com função de compreensão, enquanto que os não-oralizados realizaram-nas, especialmente, com função de continuidade tópica. Conclui-se que, tal como acontece com os ouvintes, a relação oralidade/escrita ocorre nos surdos, mesmo que eles não tenham tido acesso natural à oralidade da língua. E esta relação ocorre independentemente de eles serem oralizados ou não.
Palavras-chave: Fala. Escrita. Repetição. Surdez.
1 INTRODUÇÃO
O mundo dos surdos não tem som. Não há como ouvir os sons da comunicação sem o uso da tecnologia, o que dificulta ou, muitas vezes, impossibilita o falar. Mas a comunicação natural existe através da língua de sinais. A linguagem é diferente, feita com as mãos e o corpo.
Sabe-se que o conhecimento e uso funcional da língua de sinais por ouvintes é ainda uma utopia na realidade brasileira. Assim, a comunicação entre os surdos e ouvintes tem acontecido de forma mais efetiva através da escrita. No entanto, é fato que os surdos (com perda auditiva de grau severo e profundo) apresentam dificuldade em aprender a ler e escrever em língua portuguesa, o que tem