Direito de matar ou direito de morrer: uma questão de ética
UMA QUESTÃO DE ÉTICA
Maria Aparecida Marinho Fernandes
Tanto na atualidade como nos tempos mais antigos, qualquer assunto relacionado à morte, doenças e sofrimento é difícil de ser abordado, mesmo fazendo parte da condição humana. Nossa sociedade não está disposta a aceitar tais discussões porque é mais fácil ser atraído pela beleza, pelo aspecto saudável e exuberância da vida. Dessa forma, consciente ou inconscientemente, a humanidade tenta retirar tais palavras ou pensamentos do seu dia-a-dia. Mas ousamos então falar da morte, mesmo que o ser humano não a trate como parte da vida. Blaise Pascal, filósofo, pensador e matemático, nos disse em uma de suas frases:
Todos os homens buscam a felicidade. E não há exceção. Independentemente dos diversos meios que empregam, o fim é o mesmo. O que leva um homem a lançar-se à guerra e outros a evitá-la é o mesmo desejo, embora revestido de visões diferentes. O desejo só dá o último passo com este fim. É isto que motiva as ações de todos os homens, mesmo dos que tiram a própria vida.
Para algumas pessoas a morte é apenas o fim da vida, um ciclo que termina, uma decorrência de se estar vivo. Entende-se então que uma vida sem morte seria incompleta, talvez impensável e até insuportável. Na visão adotada pela igreja o domínio da vida pertence a Deus e é por Ele dada a ordem natural de todas as coisas. Seguindo essa linha de pensamento, a eutanásia, condenada pela religião, adquire o caráter de homicídio, atentado a vontade divina e violação da natureza. Na idéia conservadora da igreja, essa prática quando desejada e feita pelo próprio indivíduo pode ser vista como forma de suicídio. Assim como para Durkheim que:
Chama-se suicídio todo o caso de morte que resulta, direta ou indiretamente, de um ato, positivo ou negativo, executado pela própria vítima e que ela sabia que deveria produzir esse resultado. A tentativa