Direita e esquerda após Guerra fria
A diferença entre a Direita e a Esquerda hoje apresenta características diferentes das do passado, como claramente se observou durante as campanhas do Presidente Bush contra Al Gore e John Kerry ou na vitória de Nicolas Sarkozy sobre Ségolène Royal.
O período de pós-guerra-fria trouxe consigo a tendência à conclusão de que a divisão entre a direita e a esquerda desaparecera. Ressalte-se, entretanto, a importante reação contrária de Norberto Bobbio em seu ensaio Direita e Esquerda. Bobbio procurou demonstrar que a divisão tradicional entre as tendências dos partidos políticos não se extinguiu e conclui que a principal e praticamente única característica da esquerda seria a defesa do princípio da igualdade.
Entretanto, ao limitar o conceito de Esquerda à noção de luta pela igualdade, Bobbio reduziu a ideologia progressista a um ideário limitado e de alcance controverso. Nos EUA e na Europa, a diferença entre Direita e Esquerda não mais se baseia em uma única díade igualitarismo versus aceitação das desigualdades.
É certo, como recorda Bobbio, que o que qualifica os ideais de esquerda é o brocardo latino “sapere aude” (ouse saber). Entretanto, principalmente nos chamados países industrializados, este princípio desdobrou-se em vários subprincípios importantes. Além do ideal da igualdade e dos ideais de emancipação que implicam profundos sentimentos feministas e anti-racistas, são inerentes aos ideais da Esquerda, entre outros: (a) o primado do igualitarismo sobre os direitos da propriedade e do livre comércio; (b) o racionalismo; (c) o laicismo, ou seja, a valorização de tudo o que é profano (a coisa sagrada é relegada ao foro íntimo ou simplesmente eliminada); (d) a busca da felicidade na terra, sem limitações ético-religiosas (legalização do aborto, facilitação do divórcio, casamento de pessoas do mesmo sexo); (e) o horror à oligarquia; (f) o progressismo, a identificação permanente com as classes inferiores da