Dionísio e o teatro
Antes de nós existiram outros artistas e teóricos que fizeram das suas pesquisas, um campo múltiplo para a prática da arte do ator. Construíram no tempo /espaço um terreno/palco aberto para o conhecimento e o autoconhecimento do artista teatral. Ter a base sobre o surgimento da interpretação e da própria linguagem teatral nos dá uma dimensão para repensarmos, refletirmos sobre a nossa função na arte. Do mítico- religioso- O começo. No teatro há um Deus que recebeu a denominação do “Deus do teatro”. Dionísio para os gregos e Baco para os romanos. Por que Dionísio/Baco é considerado o pai do teatro? Na mitologia grega ele é conhecido como o Deus da fertilidade, do vinho, da embriaguez do lazer, do prazer, alegria da loucura... Abro minha primeira observação: um Ser/ Deus com tantas denominações não seria o próprio ator que se faz em muitos OUTROS no palco? Ser tudo que ele quiser ser ou não ser, eis a questão? Existia para Dionísio uma festa que era chamada de dionisíacas ou rituais em homenagem a ele. Foi a partir desse ritual que nasceu a tragédia ou o teatro propriamente dito.
Como era o ritual? Um cortejo no alto de uma colina onde as mulheres (as bacantes) participavam dançando compulsivamente. Era uma dança onde elas, as bacantes, levantam a cabeça para o alto mostrando o pescoço e para baixo repetidamente. Todo esse cortejo era regado a vinho, batuques. A repetição da dança fazia com que as bacantes entrassem num estágio de transe possessão ou incorporação. Elas incorporavam Dionísio e ficavam de uma forma animalesca e violenta, esfacelando, comendo animais vivos ou crus. Chamo atenção nesse trecho para que vocês percebam outras indicações da arte do ator. Primeiro pelos termos incorporar e repetição.