DINÂMICA DAS PAISAGENS DE RIOS URBANOS
Vera Mayrinck Melo1
A presença dos rios no tecido urbano de muitas cidades tem uma grande importância, tanto sob o ponto de vista ambiental e ecológico, como elemento marcante nas paisagens dessas cidades. No entanto, apesar do contexto apresentado, as paisagens dos rios urbanos nas cidades brasileiras, em geral, se apresentam degradadas, como resultado de rios poluídos, tendo seus leitos adulterados pelas retificações, servindo como depósito de lixo e esgoto, e com as populações residentes às suas margens voltando-lhes as costas. Isso foi ocorrendo, através do processo de urbanização das cidades, como resultado da ação do homem sobre esses elementos naturais.
Assim, as paisagens urbanas evidenciam as inter-relações entre as populações e o meio ambiente nas cidades. Elas são, portanto, paisagens culturais, pois são apropriadas e transformadas pela ação do homem e possuem diferentes significados para aqueles que “a fizeram, a alteraram, a mantiveram, (e) a visitaram(...)” (COSGROVE:1998:109). Nesse contexto, para se entender a dinâmica das transformações das paisagens urbanas, é importante interpretar os diversos significados que têm essas paisagens para os grupos culturais que as vivenciam, reconhecendo que existem conflitos resultantes nas maneiras de ver as paisagens, pois
esses grupos se baseiam em crenças, valores e interesses
diferenciados.
A proposta deste texto é enfocar a dinâmica das transformações das paisagens de rios urbanos, de forma a contribuir para uma melhor compreensão da relação cultural estabelecida entre os habitantes das cidades e esses elementos naturais. Entretanto, como toda paisagem é um bem único e cultural, é necessário ser analisada levando-se em consideração seu contexto histórico e cultural. Nesse sentido, enfocaremos um recorte espacial da paisagem do rio Capibaribe, situado na cidade do Recife, com o objetivo de interpretar o processo de confecção e transformação dessas paisagens, assim como