Diná
Uma vez definido o tema do seu trabalho, Fernando optou trabalhar uma pesquisa qualitativa onde ele buscou percepções e entendimentos sobre a natureza geral da questão, abrindo espaço para interpretações. Ele quis trabalhar também com a descrição dos fatos, através de relatos, com o objetivo de entender os fenômenos psicossociais.
Ele escolheu trabalhar com gari, pois é a profissão mais rejeitada pelas pessoas em geral. Quando as pessoas, mesmo no senso comum, se referem à profissão de gari ou de lixeiro, é sempre como a profissão mais desqualificada que existe. Na busca de dados relevantes e convenientes obtidos através da experiência e da vivência como pesquisador, Fernando optou pelo trabalho de campo, ele vestiu o uniforme todo vermelho, boné e camisa e começou a participar do grupo que varria o campus da USP.
Na sua pesquisa longitudinal, que levou nove anos, trabalhou ao menos uma vez por semana com um grupo de garis sob as mais adversas condições.
Estes longos anos de vivência nesta inexpressiva atividade marcaram a trajetória profissional e pessoal de Fernando, que descobriu através de métodos de pesquisa como a observação, um mundo paralelo à sociedade atual, onde os modelos de consumo dão as cartas e quem não tem os recursos financeiros necessários para participar, fica totalmente a mercê do contexto assim estabelecido.
Durante a leitura do livro, é perceptível a humilhação social que esses profissionais sofrem em sua rotina de trabalho. O livro proporciona uma visão mais ampla sobre a questão da humilhação que sofre