dimensão cuidadora
A PERDA DA DIMENSÃO CUIDADORA NA PRODUÇÃO DA SAÚDE: UMA
DISCUSSÃO DO MODELO ASSISTENCIAL E DA INTERVENÇÃO NO SEU
MODO DE TRABALHAR A ASSISTÊNCIA
Emerson Elias Merhy - Prof. do DMPS/FCM/UNICAMP
Quem tem necessidade é girafa, nós temos direitos - Chico de Oliveira
Apresentação
A produção deste texto tem várias raízes e compromissos. O maior destes é com a reforma do modo de se produzir saúde, no Brasil, ao se reconhecer que os modelos atuais de ordenamento das práticas clínicas e sanitárias já perderam seu rumo maior: o da defesa radical da vida individual e coletiva. E, exatamente, por isso as fontes que alimentam as reflexões nele contidas são de lugares muito distintos, porém articulados.
Em destaque anotamos três grandes contribuições: a experiência vivida junto a rede municipal de Belo Horizonte, entre os anos 93 e 96; o trabalho coletivo que se desenvolve no LAPA/DMPS/UNICAMP, devedor das experiências do movimento sanitário brasileiro dos 70 até hoje - em particular da vivenciada no
Serviço de Saúde Cândido Ferreira; e, as solicitações da militância junto aos movimentos sociais de saúde, em particular do Sindicato dos Médicos de
Campinas.
Deste último fica um esboço no qual a reflexão central era entender o trabalho médico como um paradoxo: tanto como um dispositivo estratégico para implantar um modelo de atenção à saúde descompromissada com o usuário e procedimento centrado, quanto como uma “ferramenta” a desarmá-lo e produzir um novo modo de agir em saúde.
Do LAPA, a possibilidade de olhar outros experimentos em torno do “projeto em defesa da vida” que se constituem em peças de diálogos obrigatórios e que inspiram novas práticas, ficando sempre como um devedor do coletivo que ali se constitui. Neste sentido, as propostas de ação que este texto apresenta são reconhecidos como produtos de um “nós”, que mesmo em suas diferenças têm produzido instigantes projetos de “agir em saúde“, que reconhecemos como fontes
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