Digressão: a fábula das três raças
DaMatta,Robert.Relativizando:uma introdução à antropologia social/Rio de Janeiro, 1987. Digressão: A Fábula das Três Raças, ou o Problema do Racismo à Brasileira
Em “Digressão” Roberto DaMatta propõe revelar como a perspectiva sociológica encontra resistência no cenário brasileiro. Segundo o ponto de vista do autor a perspectiva socialista tem sido relegada a um plano secundário, visto que num sistema hierarquizado como o brasileiro a ênfase é dada as doutrinas deterministas por apresentar o todo como algo concreto, fornecendo um lugar para cada coisa e a colocando completamente em seu lugar. Assim, o antropólogo social é ignorado como sujeito que estuda a vida social dos grupos humanos e desvenda aquilo que é realizado pelo homem em sociedade contemporânea e sim visto como um cientista natural desumanizado preso e sujeito ao estudo das coisas dadas, confirmador de teorias social ou um arqueólogo clássico, ou seja, tratante da pré-história num tempo situado antes do mundo social. Para fundamentar seu ponto de vista, com relação à importância dado as doutrinas deterministas em detrimento aos estudos sociológicos o autor apresenta algumas doutrinas que determina tal revelação. Destaca o racismo contido na “fábula das três raças”, difundida tanto no campo erudito como no popular; as teorias positivistas de Augusto comte abraçadas pelas elites; e o marxismo vulgar como moldura para certo determinismo fundado na definição abrangente do econômico e das forças produtivas. Apresenta o racismo à brasileira como exemplo da dificuldade de se pensar socialmente o Brasil e a importância da fábula das três raças, construída em forma de triângulo envolvendo os elementos sociais branco, indígenas e pretos – constituída quase que empiricamente - porém ressalta uma distância significativa entre a presença empírica dos seus elementos e seu uso como recurso ideológico para a construção da identidade da sociedade