Diferença entre a Psicologia histórica e a Psicohistória
Apesar da semelhança terminológica, a Psicologia Histórica diferencia-se profundamente da Psicohistória: esta abordagem, inspirando- se em algumas tentativas de análises de material histórico elaboradas por Freud – mais propriamente como ensaios literários do que como indagações científicas (é o caso dos estudos sobre Leonardo da Vinci e Moisés e o Monoteísmo, em: Freud, 1969a e b) –, propõe-se a explicar os fenômenos históricos em termos de categorias mentais universais, subordinando então a História à Psicologia ou à Psicanálise. Em suma, trata-se de analisar as motivações dos agentes de processos históricos em termos psicológicos ou, conforme afirma Lloyd De Mause (1981), trata-se de uma “ciência da motivação histórica” (p. 179), considerando-se os fenômenos políticos, sociais e econômicos como produtos da psicodinâmica humana (Ebel, 1989). O método da Psicohistória é a identificação dos “atores” do drama histórico e a análise, por meio da compreensão dos documentos, das motivações inconscientes dos processos históricos. A crítica freqüentemente feita a esta abordagem pela Historiografia geral, a partir das observações de L. Febvre, é a de ser reducionista e presentista, pois considera o homem do passado nos moldes de uma Psicologia do século XX. É possível – questionava Febvre – que o historiador utilize a psicologia produzida pela observação do homem do século XX, para interpretar as ações do homem do passado? (Bizière, 1983, p. 92) Pode ocorrer, além do mais, um uso anacronístico dos termos, de forma que palavras que denotam hoje determinados sentimentos ou idéias, assumam para nós estes mesmos significados quando encontradas em documentos do passado. Na realidade, ao longo do tempo, os significados dos termos utilizados para definir as experiências psicológicas podem mudar.
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