Diferença entre delirio e alucinação
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Delírios são idéias patologicamente falseadas, que não encontram sustentação lógica nos valores e referências sócio-culturais ou religiosas do paciente e nas quais ele acredita de forma inamovível. O delírio verdadeiro, ou primário, é irredutível, no sentido fenomenológico do termo. Ele emerge de uma vivência delirante primária e não pode ser compreendido a partir de fenômenos psicopatológicos pré-existentes, tais como alucinações ou distúrbio do humor. Delírio autóctone é a idéia delirante primária que surge já formada de modo súbito. No humor delirante, o paciente 'sabe' que há algo relacionado à sua pessoa se passando ao seu redor, mas não sabe exatamente o que. Geralmente o humor delirante se cristaliza na forma de uma idéia ou percepção delirante. A percepção delirante, segundo Kurt Schneider, envolve dois componentes: a percepção de um objeto e a atribuição de um significado delirante a essa percepção. Seria o caso do indivíduo que, ao ver uma peça da mobília fora do lugar, conclui que foi escolhido para anunciar a chegada do Messias. Elaborações subseqüentes a vivências delirantes primárias podem levar à formação de sistemas delirantes. Delírios podem ocorrer em condições psiquiátricas de origem orgânica, nas assim chamadas psicoses funcionais, no abuso de álcool e outras drogas e, mais raramente, como fenômenos isolados. O material que compõe o conteúdo dos delírios deriva do repertório cultural e do universo social do paciente.
O termo alucinose designa síndromes alucinatórias que, segundo Schröder, apresentam-se em quatro modalidades: alucinoses confusionais, de auto-referência, verbais e fantásticas. A alucinose orgânica, na qual o indivíduo tem alucinações crônicas ou recorrentes em estado de consciência clara, pode surgir em condições como alcoolismo crônico, pelagra ou tumor cerebral. As alucinações podem ser auditivas, visuais e somáticas.
Schneider K – Problemas de Patopsicologia e de Psiquiatria Clínica. Paz Montalvo, Madrid, 1947