didática
Enviado especial à África do Sul
Pretória - Resiliência é a propriedade que alguns materiais têm de voltar à forma original depois que cessa a tensão a que foram submetidos. Nas pessoas, representa a capacidade de, após momentos de adversidade, se adaptar, ou até mesmo evoluir após a experiência. Essa foi uma das palavras mais usadas pelas pessoas que discursaram durante o funeral do maior líder da África negra, como forma de descrevê-lo, em sua luta contra o apartheid e as desigualdades. Mandela dizia que a luta era sua vida, e ele lutou, sobretudo, por um mundo melhor.
Em 1944, com 26 anos, criou com outros amigos a Liga Juvenil do Congresso Nacional Africano (CNA), partido pelo qual se tornaria presidente do pais cinco décadas depois. Lançaram o manifesto Um Homem, Um Voto, no qual mostravam que 2 milhões de brancos dominavam 8 milhões de negros. Em um regime que considerava o negro uma sub-raça, sem direitos e que deve ser reprimida, Mandela abriu, em 1952, em sociedade com Oliver Tambo, um escritório de advocacia.
Já considerado uma liderança, Mandela e o CNA tiveram o princípio da não violência como norteador de sua luta até 21 de março de 1960, hoje reconhecido pela ONU como Dia Internacional contra a Discriminação Racial, quando aconteceu o Massacre de Sharperville. Cerca de 5 mil negros protestavam pacificamente contra a Lei do Passe, que os obrigava a andar com uma caderneta que informava os lugares que poderiam frequentar.
De repente, quando se aproximaram de uma delegacia onde estavam cerca de 70 policiais, antes de qualquer alerta das autoridades, começaram a ser atingidos por tiros de metralhadora. Mais de 60 morreram, a maioria com tiros nas costas, enquanto tentavam fugir, e pelo menos 200 ficaram feridos, incluindo mulheres e crianças. A partir daí, Mandela e o partido decidiram que, apenas pela via pacífica não seria possível mudar a situação grave de segregação do país e buscaram treinamento militar.
Apesar de já