Didatica
In: “Pensar avaliação, melhorar a aprendizagem”/IIE
Lisboa: IIE, 1994
QUALITATIVO E (OU) QUANTITATIVO?
Em avaliação escolar a ambição de quantificar com rigor tem mobilizado esforços dos professores e de investigadores dos domínios da docimologia, da sociologia, da psicologia e da pedagogia. Nesse sentido têm-se multiplicado as tentativas de construção de instrumentos de medida que possibilitem a classificação dos saberes dos indivíduos. No entanto, o avanço das ciências sociais e humanas veio desocultar a fragilidade desses instrumentos, pois que se é verdade que tudo o que é existe numa certa quantidade que se pode medir, é verdade também que o que se passa no interior de cada um não pode ser medido por um observador exterior.
Daí resulta o confronto entre os que, no desejo de tudo objectivar, defendem os métodos quantitativos e os outros que, preferindo olhar o indivíduo na situação e descrevê-lo a partir dos dados colhidos na observação directa, optam pelos métodos qualitativos. Hoje, na linguagem corrente, às palavras quantitativo e qualitativo colam-se conotações variadas e, em certa medida, opostas:
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a qualitativo alguns associam empatia, abertura aos valores, mas também a possibilidade de um aprofundamento que permite a compreensão da realidade na sua espessura e complexidade, enquanto outros lhe associam subjectividade, fantasia, fiabilidade nula;
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a quantitativo, os primeiros associam desumanização, empobrecimento, subjectividade não assumida, enquanto os outros lhe associam precisão, objectividade, seriedade no processo.
Face à reconhecida complexidade dos problemas de ensino-aprendizagem e da sua avaliação esboça-se, hoje, uma outra via que propõe a utilização das duas metodologias através de um processo progressivo de aperfeiçoamento que implica a adequação às situações e a articulação entre as várias técnicas e instrumentos.
A OBJECTIVIDADE É POSSÍVEL?